Por Jhonatan Arthuso
Rodrigo Mac
Niven é além de qualquer outra coisa um provocador e um trovador audiovisual.
Como é de costume, desde o início do século XX, intelectuais como o cineasta Alexeï Balabanov, autor de filmes sobre a violência das
últimas décadas na Rússia, e nomeadamente com os filmes: Cargo 200 (2007), A Guerra (2002), e Irmão (1997), utilizam
o cinema como ferramenta de debate sobre problemas sociais que, na exaustão da
rotina pedimos para não enxergar.
“Armados” é um documentário de 52 minutos de
duração que aborda temas como a reforma na
segurança pública, a proibição da venda de armas de fogo aos cidadãos e,
principalmente, a cultura da violência na sociedade brasileira.
Um dos principais
personagens do filme é o músico e ativista social Marcelo Yuka, que ajuda na
narrativa por meio de um debate com o delegado da Polícia Civil, Orlando
Zaccone. Ex-baterista da Banda “O RAPPA”, Yuka foi alvejado com 6 tiros em um assalto no
ano de 2000, que o deixou paraplégico. Pouco depois ele saiu da banda e criou o F.U.R.T.O (Frente Urbana de Trabalhos Organizados),
uma banda de ideal social homônimo.
O coordenador do Programa de
Controle de Armas de Fogo do movimento Viva Rio, o sociólogo Antonio Rangel, o
cientista político Luiz Eduardo Soares, o deputado estadual Marcelo Freixo, a
presidente da Associação Anjos de Realengo, Adriana Machado, e o diretor da CBC
-- Companhia Brasileira de Cartuchos (maior complexo industrial de fabricação de
munições do Hemisfério Sul), Salesio Nuhs, foram alguns dos entrevistados no
filme que apresentaram argumentos que sustentam as ideias de Yuka e Zaccone
sobre a problemática do armamento no Brasil e suas consequências sociais e
econômicas.
Nesse ponto o documentário
regride ao velho jogo da informação selecionada e impede outras interpretações.
Acredito que no final do filme, o público passou a ter uma visão mais crítica a
questão das armas.
Os argumentos de Zaccone
serviram para reforçar a visão de que o estado está perdendo a “guerra” para a
criminalidade. Frases como “A arma não é uma defesa, serve para atacar”,da
Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), Bárbara Bueno, foram
utilizadas no filme para alimentar a opinião do desarmamento.
Mas o auge da tentativa de
indicar a melhor decisão no debate do desarmamento foi com as vítimas do tiroteio
ocorrido em 2011, na Escola Municipal
Tasso da Silveira,
em Realengo, no Rio de Janeiro.
O Pai de uma das doze
vítimas do tiroteio, Raymundo Nazareth salienta a falta de controle sobre as
armas em circulação. "O revólver usado para matar nossos filhos foi
roubado há 18 anos. As armas se perdem e ninguém acha. Elas servem para matar e
não para defender". As lágrimas
jorram! Era necessário? Talvez sim, mas a meu ver, a dose foi exagerada. Seria bom um pouco mais de imparcialidade na
narrativa.
O tom
tendencioso não tira o mérito do grande trabalho de pesquisa e atuação de Mac e
cia. O filme se assemelha ao estilo do “Cinema Novo”, influenciado pelo
neo-realismo italiano. A característica jornalística na captação das
imagens humaniza as entrevistas. Imagens reais para um tema real.
Com certeza vale
a pena assistir, mas assim como no filme “Cortina de Fumaça” é
inevitável não perceber que o assunto já está concluído antes mesmo do
debate começar. Leia sobre o tema antes de assistir e tente ver um pouco além
do que é mostrado. Vale a pena Curtir!











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