Por Jhonatan Arthuso
"Igualdade, justiça e liberdade são mais que palavras;
são perspectivas!"
Estamos presenciando inúmeras manifestações que, acima de
tudo, refletem na insatisfação de um povo. Essa grande massa cansou da política
representativa e quer ter voz ativa, participando efetivamente das decisões que
movem o país. O Brasil vive um momento de luta pelos seus direitos conquistados
após uma ditadura recente. O povo está nas ruas para transformar o exercício
democrático de expressão em uma prática legítima. Em momentos de lutas é
sensato verificar os armamentos. Para lutarmos por um ideal é preciso
fazer parte dele, se tornar a ideia e a imagem do que queremos e
brigamos.
Um filme que aparece com a missão de ser um verdadeiro
armamento intelectual é o “V de
Vingança” dos irmãos Wachowski, respeitados no mundo cinematográfico após a
inovadora direção visual de Matrix (1999).
Desta vez, a dupla ficou apenas na operação do roteiro e produção do longa,
deixando a direção para o calouro James McTeigue, que não faz
nada além de colocar em prática as ideias dos irmãos. A linguagem visual da
dupla está evidente em cada cena do filme.
Em
“V de Vingança”, uma adaptação das historias do
HQ do mestre dos quadrinhos Alan Moore, narra a história de um herói anarquista
com o codinome de V (Hugo Weaving, sempre com uma máscara enigmática),
influenciado por Guy Fawkes, um revolucionário do século 17 que tentou explodir
o parlamento inglês e destruir o rei James I do trono. V tenta repetir o mesmo
feito, porém, agora, em uma Londres futurista, mais precisamente em 2020.
V é
um personagem misterioso em dosagens de perversão e gentileza. Munido de ataques
terroristas, com direito a explosões ao som de Tchaikovsky, trava uma luta
contra o sistema autoritário e tirano dominado pelo ditador fascista, Adam
Sutler (John Hurt, Hitlereseco), que governa com braços de ferro, controlando
os cidadãos por meio de uma mídia comprada e um serviço de
segurança liderado por Creedy, braço direito do ditador (Tim PigoTT,).
Nas cenas de Sutler, podemos ver uma forte referência ao clássico da literatura 1984,
escrito por George Orwell em 1949.
Logo no início do filme, o justiceiro salva a
linda Evey (Natalie Portman) das mãos de
policiais da repressão, cujos pais foram
mortos por serem contrários ao governo. É desenvolvido entre os dois uma
relação de admiração mútua. Ela se encanta não pelo homem com a máscara, mas
pela ideologia que carrega. Quando o diretor resolve explorar os dois
personagens centrais – V e Evey - o filme ganha força e profundidade.
A
atuação de Hugo Weaving é realmente notável. Mesmo estando sempre mascarado, ele consegue
humanizar o seu personagem, mostrando diferentes sensações através de um
incrível desempenho corporal. Em certos momentos se mostra monstruoso e
assustador na penumbra, em outros, é apresentando com doçura, recitando trechos
de peças shakespearianas e preparando um café da manhã com um avental florido
para Evey, a
sua nova hóspede e cúmplice.
No decorrer do filme,
o clima de suspense não consegue impactar, deixando a narrativa cansativa e
nada original. A resposta vem com ações rápidas e com boas cenas de lutas bem
ao estilo Matrix. Pouco a pouco, vamos conhecendo mais sobre o misterioso mascarado e entendendo que seus motivos de vingança são extremamente pessoais.
Enfim,“V de Vingança” é um filme de ação, mas nas entrelinhas
é totalmente político. Quando V, declara
que “O povo não deve temer o seu governo. É o governo que deve temer o seu
povo”. O longa não tem a intenção de incentivar a violência, muito menos
atentados terroristas. O objetivo é refletir sobre o papel do povo nas decisões
políticas de seu país. Para quem já viu o longa e para quem ainda não viu,
espero que possam se identificar como sujeitos de grandes possibilidades
coletivas. Afinal: “O povo tem os políticos que merecem”.
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